Congratulo-me com a existência deste livro.
Perguntei por ele, quando ainda não existia.
Na altura, há cerca de dois meses, questionei a Enfª. Cátia sobre a forma
que estaria disponível às famílias para se expressarem sobre os cuidados
prestados por esta equipa de Cuidados
Domiciliários do Serviço de Cuidados Paliativos do IPO do Porto.
Soube que, para além de pessoalmente o podermos fazer, servindo cada um
dos membros da própria equipa de nosso interlocutor junto da instituição, não
estava criado o registo organizado destas impressões.
Não procurava um livro de reclamações/sugestões: não era esse o propósito.
Na verdade, o que precisava era de um suporte, de um canal, que as
famílias pudessem usar para dar conta dos aspectos em que o Apoio
Domiciliário mais as ajudou ou puderia vir a ajudar.
Parece-me pertinente que uma estrutura criada para permitir que os doentes
possam passar o maior tempo possível junto da família, diminuindo as idas ao
hospital, internamentos,... esteja dotada de diferentes modos de Ver, Ouvir e
Sentir as famílias que ajuda ? tanto mais que, aquilo a que esta equipa se
propõe é muito amplo: atender às necessidades de cada doente nesta fase da
vida, o que só por si já seria muito, mas também ajudar a família a encontrar
as melhores soluções (físicas, emocionais,...) para cuidar bem dos seus.
Este livro serve para isso ? é... de NÓS ? os familiares dos doentes assistidos ?
para VOCÊS ? os profissionais, voluntários, instituição, que desta forma nos
apoiam. E claro, é ?só? mais uma forma de vocês nos ?escutarem?...
Nessa medida, cada família pode contribuir para melhorar este serviço e assim,
ajudar-vos a ajudar-nos... cada vez melhor, perceberem em nós o
que, nos cuidados que prestam, nos é mais útil, mais precioso.
Sobre a minha experiência como familiar...
Esta equipa foi um farol!
Prestou-nos auxílio em várias frentes. Foi-nos dando as coordenadas,
explicando o que se estava a passar a cada dia. Respondeu às nossas dúvidas
dando-nos a garantia, a cada momento, de que não estávamos sozinhos e que
estávamos no rumo certo, diminuindo a nossa angústia de falhar.
Explicou-nos cada passo da evolução da doença ? deu-nos a possibilidade de
interpretar e gerir os nossos próprios ritmos, as nossas despedidas...
Interpretou os nossos sinais de dor ? não a suprimiu (nem podia!), não nos
anestesiou. Deu-nos a hipótese de que a vivêssemos, lucidamente, mas sem
que nos afundássemos nela.
Estou muito grata à equipa que permitiu, como sempre foi vontade da minha
Mãe, que a sua dignidade fosse mantida até ao último dos seus dias.
A par da dor do luto, estou em paz. Devo-o muito a vocês!
Uma última palavra à instituição...
Ter os nossos doentes terminais em casa é um privilégio.
O IPO, através da existência desta equipa torna essa realidade cada vez mais
possível. A quem está perto! - É importante tentar, o mais possível, o
9alargamento geográfico destes cuidados.
Não há razão para pensar que as necessidades de cuidados ocorrem apenas
de 2ª a 6ª! - A cobertura diária é fundamental.
Estou certa de que é vosso empenho que, em breve, muitos mais doentes
possam desocupar camas da vossa unidade e viver essa fase da
vida junto da família que, todos os dias da semana, poderá vir a contar com a
presença desta equipa de Excelência!
Obrigada por tudo!
Santo Tirso, 01 de Julho de 2008
Maria Antónia Vigário